O nutriente certo para cada fase

Os nove meses de gestação exigem uma alimentação equilibrada, com todos os grupos alimentares, o que não significa se empanturrar de comida. Mas, em determinados períodos, o consumo de certos nutrientes deve ser reforçado


POR EULINA OLIVEIRA
Aquela velha história de que, durante a gestação, deve-se comer por dois, está totalmente ultrapassada. O segredo, porém, está na escolha dos nutrientes. Alguns deles, aliás, precisam ser consumidos em determinada fase da gravidez, para garantir a saúde do bebê e da futura mamãe. Mas isso não é motivo para “cair de boca” na comida. Ao contrário, é nesse período que a alimentação precisa ser selecionada e muito mais balanceada. É claro que nada substitui o acompanhamento mé dico e os exames que têm de ser feitos durante o pré-natal.
No entanto, o reforço de alguns nu - trientes é mesmo necessário. No primeiro trimestre de gestação, por exemplo, a suplementação de ácido fólico (vitamina B9) evita sérios problemas na criança, como os de malformação fetal (veja quadro).
Muitos especialistas também receitam outros suplementos alimentares ao longo da gravidez, mas eles não devem substituir uma dieta equilibrada. “A gestante nunca deve ingerir suplementos que não sejam prescritos pelo médico, pois o consumo em excesso de certos nutrientes também pode ser prejudicial ao bebê”, alerta a nutróloga Valéria Goulart (SP). Por outro lado, quando bem receitados, eles podem ajudar na prevenção de partos prematuros ou nascimentos com baixo peso. Previnem ainda anemia, infecções, facilitam a cicatrização de tecidos, evitam dificuldades no trabalho de parto e também proporcionam uma boa nutrição para o feto.
A nutricionista Cínthia Perine (SP) comenta que essa suplementação de ve ser bem-feita e individualizada, in clusive com probióticos (iogurtes e leites fermentados), que equilibram a flora bacteriana intestinal e aumentam a imunidade da mãe e do bebê. “Já a partir do segundo trimestre de gestação, é hora de se reforçar a ingestão de vitaminas C e B6 e dos minerais ferro e magnésio”, explica a nutricionista Flá via Bulgarelli, da Clínica Espaço Leve (SP).
No terceiro e último trimestre de gravidez, é a vez do cálcio. Não que ele não seja fundamental nos outros meses da gestação, mas seu consumo deve ser aumentado. As nutricionistas aconselham passar de três para quatro porções diárias a ingestão de leite e derivados, principais fontes do mineral. A nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) sugere recorrer às versões magras e desnatadas, para evitar o excesso de gorduras.
Para combater a constipação, uma das principais e mais comuns queixas das grávidas, vale consumir mais fibras (encontradas nas frutas, folhas e cereais integrais, por exemplo), pois auxiliam no bom funcionamento do trânsito intestinal.
No geral, para garantir o maior número possível de nutrientes, os especialistas indicam uma alimentação bastante variada e colorida, incluindo seis porções diárias de pães e cereais, cinco, de frutas e três a quatro porções de legumes e verduras, carnes e de leite e derivados. Deve-se também beber água constantemente, e o recomendado é de 1,5 a 2 litros por dia, para manter-se hidratada.
Aumento de calorias
O desenvolvimento do feto e as transformações no corpo da mulher, durante a gestação, exigem um aumento, controlado, da ingestão de calorias. Para quem está na faixa de peso considerada normal, os médicos recomendam a adição de 300 calorias/dia, à dieta, a partir do segundo trimestre. Como uma mulher de peso normal consome em média 2.000 calorias/ dia, sua ingestão passaria, então, para 2.300/dia. Isso equivale, por exemplo, a dois copos de leite desnatado.
As exceções são mulheres que iniciam a gravidez com baixo peso ou adolescentes, que devem ingerir as 300 calorias adicionais desde o início da gestação, e mulheres com sobrepeso ou obesidade, para as quais não se recomenda nenhum aumento calórico. Porém, essa avaliação e as indicações adequadas para cada caso fica por conta, claro, do médico.
Normalmente, explica a nutricionista Flávia Bulgarelli, espera-se que as gestantes com baixo peso ganhem em torno de 15 quilos até o fim da gravidez; as de peso normal, entre 10 e 12 quilos; e as com sobrepeso ou obesas, entre seis e sete quilos. Já a gestação de gêmeos pode levar ao aumento de 15 a 20 quilos.
ENJÔOS
Grande parte das mulheres sente enjôos e mal-estar nos primeiros meses de gestação e não consegue comer. Assim, perde peso. A eliminação de até três quilos no primeiro trimestre, porém, não causa problemas para mãe ou o bebê.
A recomendação para minimizar os enjôos é comer em quantidades menores, várias vezes ao dia, de preferência alimentos frios ou gelados, e mastigar bem devagar. A dica serve também para os demais meses da gravidez, quando há azia em função da compressão do estômago pelo aumento do útero.




 
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